Viagens com Mário Crespo
Jornalista
Mário Crespo começou a sua carreira jornalística na África do Sul nos anos 70. No seu trabalho na South African Broadcasting Corporation produziu vários documentários sobre a história da África Austral incidindo na participação de Portugal na colonização europeia da região. Foram trabalhos que também realizou mais tarde já na Radiotelevisão Portuguesa, para os programas Portugal Sem Fim e Telemundo de José Manuel Barata Feyo, sobre o tema genérico das navegações portuguesas pelas costas do subcontinente. Mário Crespo baseou muitos dos seus programas sobre as rotas de Bartolomeu Dias e Diogo Cão na obra do Professor Eric Axelson um dos grandes académicos sulafricanos que dedicou a sua vida científica ao estudo dos cronistas e cartógrafos portugueses que documentaram as sucessivas viagens que iriam culminar na descoberta da rota marítima entre a Europa e a Índia que revolucionou o comércio europeu a partir do século XV.
O arqueólogo Eric Axelson (1913-1998) catedrático de historia e Vice reitor da Universidade de Cape Town deixou-nos uma extensa obra literária e foi com base nas suas pesquisas de décadas que descobriu os locais exactos onde Diogo Cão ao serviço de D. João II chegou às costas da Namíbia e Bartolomeu Dias já no reinado de D. Manuel I deixou o seu último padrão na costa leste do Sul de África depois de ter passado do Atlântico para o Indico e descoberto o Cabo da Boa Esperança. Este padrão que é seguramente das relíquias mais significativas da história dos portugueses pode ser visto hoje na biblioteca da Universidade de Witwatersrand em Johannesburg onde Axelson lecionou na sua juventude e que foi quem subsidiou a expedição que levou à descoberta do padrão talhado em calcário da região de Lisboa no século XV e levado na caravela de Dias para o sul de África onde foi colocado em 1488.
Há uma infinidade de histórias que sobressaem destas viagens de descoberta empreendidas pelos navegadores portugueses e que nos dão um entendimento muito especial da nossa contemporaneidade. Visitar estas zonas e reviver estes percursos é uma experiência única que nos ajuda a entender quem eramos, quem somos e o que fizemos.